terça-feira, 27 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Com carinho, sua

meu
bem,
não posso falar
das minhas loucuras
que pensei em machucá-lo
só para ver-te lento e cabisbaixo
que esse é meu torpe fetiche:
nos dificultar o amor
pois tristemente
bem me faz
você não
estar
bem

domingo, 25 de março de 2012

Eu não posso comigo

ouço Tchaikovsky repetidamente
e me dói suas valsas
pras flores, pros cisnes, pouco importa
perfura minha cabeça
- não é dor, pobre ignorante
o corpo está são e repousado

lamento não conseguir
diferenciar dor de tristeza
tristeza não causa dor
causa explosão
e sensibilidade comigo
acima de tudo, comigo

destarte, sou culpado
e a culpa é sempre castigada
por quem mais,
nessa teia labiríntica da vida
eu me compadeceria
senão a mim?

sou da pior espécie
de ser humano vivente
sinto-me pena
não de leveza, mas de fracasso
não por não poder
e sim por não querer

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dez e tez da noite

o sabor do vinho que traguei
foi de ar umedecido
pela expectativa
do que me era devido
sendo privada
assim, descarada
a zerada medida
comecei e findei

(coitada
interrompida
papila
nada gustativa)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Subvivência defensiva

não morrer seria
consequência exclusiva
de não escolher
calcar a praga notívaga
que rodeia seu bidê

bater em falso o pé
no gélido ladrilho
para distraí-la
na escapatória, o rastilho
daquelas patas ligeiras

(ante o suicídio
eu fico com sono)